quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Passando de Pato a Ganso

Brasil e Estados Unidos fizeram o primeiro amistoso pós-copa 2010. Os comandados de Mano Menezes tiveram a primeira oportunidade para mostrar se o torcedor estava certo ou errado quando criticava as escalações e a filosofia de Dunga durante a Copa. Sem treinos, sem confinamento, sem cartilhas e sem um grupinho de amigos, vimos um time jogando o verdadeiro futebol brasileiro.

Vitor, Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e André Santos; Lucas, Ramires e Ganso; Neimar, Robinho e Alexandre Pato foram os escolhidos para começar jogando. Após 10 minutos iniciais com um pouco de nervosismo, o time começou a se soltar e perceber que só havia uma coisa a ser feita: jogar bola. Nada de esquemas defensivistas, cujo primeiro objetivo é não tomar gols. Volantes, meio campo e ataque, com um pouco de apoio dos laterais, estavam com apenas um objetivo: chegar ao gol adversário. E não demorou muito para ele acontecer, num cruzamento de André Santos e cabeçada de Neymar.

O trio santista parecia nem perceber que a camisa era amarela e não branca, que o estádio era o New Meadowlands, em Nova Jersey, e não a Vila Belmiro, em Santos. Ramires e Lucas, volantes, marcavam, desarmavam e saíam para o jogo, alimentando o ataque. Tanto que o segundo gol, marcado por Alexandre Pato, saiu de um passe preciso do ex-cruzeirense que já está se transferindo para o Chelsea da Inglaterra.

Assistindo ao jogo fiquei me perguntando: “Será que o Dunga está vendo isso”? Mas, de dentro de sua arrogância e teimosia, com certeza ele diria: “Isso é amistoso, não é Copa do Mundo”.

Sou um crítico ferrenho da seleção brasileira e sempre falo que perdi a muito tempo o prazer de torcer por essa seleção, que pra mim é sempre a “seleção da CBF”. Mas depois de muito tempo me peguei torcendo para que o ataque fizesse gols e mais gols.

Comecei na infância a gostar de futebol vendo meias como Ademir da Guia, Rivellino, Zico, Dirceu Lopes e Pedro Rocha. Ver Paulo Henrique Ganso jogar é uma volta no tempo. Ouvi uma definição perfeita sobre esse jogador, dita por Paulo César Vasconselos, do Sportv: “Um meia moderno jogando à moda antiga”. Sua rapidez de raciocínio é tão grande que até Daniel Alves foi pego de surpresa num determinado momento do jogo. Toque fino, preciso, rápido. Carrega a bola quando tem que carregar e acelera o jogo quando percebe o adversário a ponto de ser nocauteado.

A zaga foi composta por Thiago Silva e David Luiz. Thiago já o conhecemos dos tempos de Fluminense. Mas David só é conhecido por quem acompanha até os jogos do campeonato português. E eu já o conhecia. Mas o Dunga não.

E aí nos perguntamos: Esses jogadores surgiram somente agora, após a Copa? Claro que não. Jogaram ontem o que jogam em todos os jogos. Mas eles não fizeram parte da turminha de amigos do zangado treinador anterior.

Fica agora a esperança de que Mano Menezes se mantenha fiel a tudo que disse neste começo de trabalho e mantenha essa filosofia de deixar o jogo fluir sem a maldita legião de volantes brucutus.



ESTADOS UNIDOS 0 X 2 BRASIL

ESTADOS UNIDOS: Howard (Guzan); Spector, Bocanegra (Goodson), Bradley e Gonzalez; Donovan (Findley), Bedoya (Gomez), Bornstein e Buddle (Altidore); Edu e Benny Feihaber (Kljestan). Técnico: Bob Bradley.

BRASIL: Victor; Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e André Santos; Lucas, Ramires (Hernanes) e Ganso (Jucilei); Robinho (Diego Tardelli), Neymar (Ederson) (Carlos Eduardo) e Alexandre Pato (André). Técnico: Mano Menezes.
Gols: Neymar, aos 28, e Alexandre Pato, aos 45 minutos do primeiro tempo;
Cartões amarelos: David Luiz (BRA)
Público: 77.223 pagantes.
Data: 10/08/2010. Estádio: New Meadowlands, em Nova Jersey, Estados Unidos.
Árbitro: Silviu Petrescu (CAN). Auxiliares: Joe Fletcher (CAN) e Daniel Belleau (CAN)

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