terça-feira, 13 de julho de 2010

PIRITUBA - PARTE DO TERRENO DO FUTURO ESTÁDIO ESTÁ CONTAMINADO



O terreno de Pirituba onde a cúpula da CBF cogita construir um estádio para abrigar o jogo de abertura da Copa do Mundo de 2014 está contaminado por metais pesados e passa por um processo de "recuperação ambiental". É o que informa o último relatório da Companhia de Tecnologia Ambiental (Cetesb), divulgado em novembro de 2009, com a relação das áreas contaminadas no Estado.

Para ambientalistas que tiveram acesso ao relatório, a descontaminação da área vai levar ao menos três anos, o que pode inviabilizar o projeto da nova arena e atrasar a construção do novo centro de convenções planejado pela Prefeitura. Qualquer escavação na área, declarada de utilidade pública pela Prefeitura em 2009, está proibida pelo governo do Estado. O processo de "remediação" já teve início, diz o relatório.

A contaminação por metais também atinge o lençol freático que atravessa parte do terreno, ocupado até os anos 1960 por indústrias metalúrgicas e por fabricantes de óleos graxos. O documento ainda diz que existe a presença de solventes halogenados, como clorofórmio, no solo e subsolo. A causa da contaminação foi o descarte irregular de resíduos, relata a Cetesb. Desde 2004, quando a Cetesb passou a divulgar a lista de áreas contaminadas na internet, o terreno em Pirituba é considerado um passivo ambiental da cidade.



Mas a contaminação chegou ao conhecimento de ambientalistas do Movimento em Defesa do Pico do Jaraguá só no mês passado. A entidade promete elaborar até o fim do mês uma ação civil contra a construção do estádio em Pirituba. "Os estádios na Copa de 2006 e 2010 tiveram forte conotação ambiental. Não podemos ter um justamente em área contaminada. Exigimos a descontaminação da área já. E sabemos que isso é um processo lento e criterioso", afirmou Edson Domingues, coordenador da entidade.

O Plano Diretor de 2002 também proíbe obras em área consideradas contaminadas. Procurado, o governo municipal diz nunca ter cogitado a construção de um estádio no local. Mas, segundo a assessoria, a contaminação está restrita em um perímetro de 2 mil a 3 mil metros e não inviabilizaria o centro de convenções. Apesar das inúmeras negativas da Prefeitura sobre a arena em Pirituba, foi o próprio prefeito Gilberto Kassab que falou sobre essa possibilidade ao presidente da CBF, Ricardo Teixeira, no fim do ano passado.

Se o projeto de construção do estádio em Pirituba não puder sair do papel, São Paulo terá de encontrar uma alternativa para poder receber jogos do Mundial. As opções seriam o Morumbi e a Arena Palestra Itália - mas em ambos os casos não seria possível receber o jogo de abertura.

Para o Morumbi ser "ressuscitado", a Fifa teria de aprovar o projeto para uma reforma menor, que custaria cerca de R$ 240 milhões. O São Paulo chegou a enviar esse projeto para a entidade, que nem sequer o levou em conta porque já havia decidido pela exclusão do estádio. A Arena Palestra Itália, que deve levar ficar pronta em 2012, será erguida com base nas exigências da Fifa. Mas não terá a capacidade para 65 mil pessoas necessária para sediar a abertura.

Se abrir mesmo mão de lutar pelo jogo inaugural, São Paulo tentará trazer para cá o Centro de Imprensa - que está previsto para ser no Rio de Janeiro. A avaliação é de que a cidade faturaria mais com milhares de jornalistas comendo e se hospedando aqui durante um mês.

A Cetesb informou que somente hoje conseguiria fornecer mais detalhes do passivo na região, como o perímetro da área contaminada dentro do terreno - que pertence à Anastácio Empreendimentos, uma das empresas da Companhia City de Desenvolvimento. A área de 4,9 milhões de metros quadrados onde está projetada a construção do centro de convenções e o possível estádio da Copa tem o tamanho de três parques iguais ao do Ibirapuera.

(Matéria divulgada pela Agência Estado)

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