segunda-feira, 12 de julho de 2010

UM DIA VOLTAREMOS A TER UMA SELEÇÃO VERDADEIRAMENTE BRASILEIRA?

São 22 horas e 53 minutos de segunda-feira, dia 12 de Julho. Pela internet estou assistindo a chegada da seleção....... uruguaia. Sim, isso mesmo. A seleção uruguaia está desembarcando no Aeroporto de Carrasco, em Montevidéo.

Resolvi assistir para ver como seria a recepção da seleção que perdeu seus dois últimos jogos na Copa da África e terminou em quarto lugar.
E o que estou constatando é que existe uma identificação total entre a seleção uruguaia, imprensa e o povo uruguaio. Mais de 1.000 pessoas estão presentes no aeroporto, cantando "Soy Celeste, Celeste Soy" e gritando "Campeones".

Um conjunto cantando músicas típicas do país. Todos os jogadores estão dando entrevistas, com a maior calma e atenção, respondendo a todas as perguntas pacientemente, sem arrogância. São jogadores que realmente representaram um país, e não pop stars. Diego Forlán, o melhor jogador da Copa, também deu entrevista, sem aquelas frases prontas e os chavões de sempre. Nada de máscara. Tudo espontâneo, sem formalidades ou protocolos. E tudo na maior paz.

Escrevo tudo isso e fico pensando: Será que um dia voltaremos a ter uma seleção realmente brasileira? A distância que existe entre os jogadores da canarinho e o povo brasileiro é enorme. Não é atoa que todos os jogadores e o Dunga insistiam em dizer em todas as entrevistas, que "a seleção voltou a ter o carinho do povo." Eles estavam tentando fazer isso se tornar realidade, mas não conseguem. Ou se é natural, ou não existe identificação.

Soa muito falso ouvir algumas declarações como: "Estou triste por perder a copa e não poder dar esse presente ao povo brasileiro". São afirmações totalmente desprovidas de autenticidade. Julio Cesar, Kaká, Robinho, Gilberto Silva, Elano, Lúcio, Juan não são ídolos.

A distância entre povo e seleção ficou ainda maior com a postura de Dunga, sempre arrogante e brigando com tudo e com todos. Suas entrevistas eram shows de mau humor e queixas, sempre se colocando como vítima.

O exemplo dado pelo selecionado uruguaio é marcante. Conseguiram a classificação a duras penas. Perderam em pleno Estadio Centenario de Montevidéo para a Argentina na última rodada das eliminatórias. Foram disputar a repescagem contra Costa Rica e suaram para conseguir a vaga. Chegaram ao mundial totalmente desacreditados, com um time limitado tecnicamente, mas repleto de jogadores com brío e vontade de jogar, e não de guerrear.

Diego Lugano mais uma vez foi um monstro, jogando com toda a disposição e entrega, mesmo depois de sua contusão no joelho.

Diego Forlán, filho de Pablo Forlán, foi o melhor da Copa, jogando no meio de campo, posição em que não está acostumado a jogar no Atlético de Madrid.

Como eu tive o prazer de ver a seleção de 1970, campeã do mundo, com jogadores como Gérson, Pelé, Tostão, Rivelino, Jairzinho, Clodoaldo, Félix, Carlos Alberto e outros, acho que fiquei mal acostumado.

Minhas filhas, de 17 e 14 anos, nunca assistiram a um jogo da seleção como eu assistia na década de 1970 e anos posteriores. Havia toda uma expectativa pelas convocações, ficávamos torcendo para ver os jogadores de nossos times sendo chamados para disputar até mesmo amistosos.

Será que um dia voltaremos a ter uma seleção autenticamente brasileira, com verdadeiros jogadores de futebol, e não estrelas acostumadas simplesmente a desfilar nos gramados europeus? Infelizmente eu não tenho esperanças de que isso possa voltar a acontecer. Lamentavelmente.

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