sexta-feira, 2 de julho de 2010

Quem é o comandante maior?

No dia 24 de Julho de 2006 eu escrevi no meu antigo blog sobre Dunga assumindo o comando da seleção. Apostava que ele não seria o treinador na Copa da África. Errei na aposta, mas acertei na análise que fiz naquela ocasião.
http://gritodegol.blog.terra.com.br/2006/07/24/selecao-brasileira-no-reino-da-branca-de-neve/

Hoje, 2 de julho de 2010, quase quatro anos após assumir o cargo, Carlos Caetano, o Dunga, dá sinais de que está se despedindo como técnico da seleção, após derrota para seleção holandesa que valeu a volta para a casa e o fim do sonho do hexa.

É normal procurar culpados logo após um fracasso. Foi assim em 1990, quando o próprio Dunga foi o escolhido pela imprensa e pela torcida, após a derrota de 1 x 0 para a Argentina. Já em 1998, na perda da final para a França, Ronaldo teria amarelado no momento mais crucial. Em 2006 foi Roberto Carlos e seu meião, bem como toda a Comissão Técnica que liberou a festa geral na concentração.

Este ano o posto de vilão ficou para a Felipe Melo e Dunga.

Mas, tem um personagem comum em todas estas derrotas e que poucos ou quase ninguém ousa apontar o dedo. Ele é presença constante no topo do comando da seleção e da CBF desde 1989. Já sabe quem é?

Ele mesmo, Ricardo Teixeira. E talvez só deixe esse cargo se conseguir algo maior, seu próximo objetivo, que é ser presidente da FIFA, seguindo os passos de seu sogro, João Havelange.

RT deu carta branca para Dunga. Vieram as enganosas conquistas de Copa América, Confederações e Eliminatórias, assim como fez Carlos Alberto Parreira. Comparar estas competições com a Copa do Mundo, é igual comparar Campeonatos Estaduais com Brasileirão. O fato de se vencer esses campeonatos não é garantia de sucesso em Copas.

Dia 11 de maio, por ocasião da convocação dos 23 nomes para a Copa, três palavras predominaram: Coerência, Comprometimento e Patriotismo. Estes foram os critérios usados para fazer a seleção, ou seja, escolher os melhores que iriam para a Copa.

Mas, e os critérios qualidade e momento do jogador? Isso não conta? Vale mais um comportamento do que um talento que surge mas que nunca teve a oportunidade de vestir a amarelinha?

Diante desses critérios dunguísticos, tivemos que engolir nomes como:

Gilberto - Em péssima fase no Cruzeiro, que às vezes joga de meia outras de lateral, e que foi expulso algumas vezes este ano.

Felipe Melo - Reserva da Juventus, expulso ou suspenso nas poucas vezes em que jogou no campeonato italiano neste semestre. Com ele de titular no começo da temporada, a Velha Senhora foi se afundando na tabela.

Michel Bastos - Joga no Lyon como meio-campista pela direita e tem como ponto forte os deslocamentos para o meio preparando assim seu potente e preciso chute de esquerda. Na seleção jogou como lateral esquerdo, posição em que jogava há três anos no Figueirense.

Kleberson - Reserva no Flamengo

Julio Baptista - Reserva na Roma

Doni, convocado por ter peitado a direção da Roma quando de uma convocação, mostrando todo seu "patriotismo".

Levar em conta apenas a lealdade e o comprometimento para se convocar uma seleção para a Copa do Mundo poderia ser um critério válido em 1930 ou 1934. Mas, em pleno 2010, com tantos recursos tecnológicos que medem tudo que um atleta apresenta em 90 minutos, é simplesmente inaceitável.

Dunga montou um grupo de jogadores amigos entre si, mas não um time de futebol. O Brasil não apresentou nada de espetacular ou diferente em seus jogos de preparação ou nas quatro partidas iniciais da Copa. Seu favoritismo deveu-se somente pela qualidade individual de alguns jogadores e pela tradição.

A única seleção que resolveu se impor frente ao Brasil, a Holanda, obteve uma vitória jogando praticamente 45 minutos, pois nem no primeiro tempo eles foram pra cima. Analisar e projetar uma equipe como forte candidata ao título tendo como base adversários do nível de Coréia do Norte, Costa do Marfim, Portugal e Chile, é somente para torcedores realmente apaixonados.

Agora sai o Dunga, deixando novamente o país sem uma base definida para 2014. Espero que o próximo a assumir o cargo olhe com bons olhos para o talento do futebol brasileiro e monte uma equipe de grandes jogadores e não de amigos leais. E que o futebol de talentos volte a encantar o mundo.

Chega de futebol de resultados. Mas nunca devemos esquecer: o verdadeiro culpado de tudo que acontece na seleção desde 1989 tem um nome e todos já sabem quem é.

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