domingo, 6 de junho de 2010

A força de um jogo de Copa do Mundo

- Amor, a seleção está jogando melhor hoje, não está?
- Está sim querida. Você está gostando do jogo também?
- Estou, sou brasileira com muito orgulho, com muito amor. (Beijinhos no rosto, na boca… )
- Vai Robinho, vai Robinho, chuta Robinho, goooooooooooolllll… Brasilllll!!!
- Amor, o Neymar já não está jogando???(Mais beijinhos…)
- Não. Ele não foi convocado pelo Dunga!(E abraços, beijinhos…)

Um jogo de Copa do Mundo tem múltiplas funções. Acima da primordial e óbvia - a disputa pelo título - tem muitas outras que giram em torno dos 90 minutos. A mídia está de olho, ávida por assuntos fortes, torcendo para que haja alguma declaração polêmica, alguma frase atravessada, alguma provocação ao adversário. O comércio em geral torce, mas torce muito, para que a seleção chegue pelo menos até a final, garantindo assim a venda cada vez maior de inúmeros produtos relacionados ao esporte e ao dia-a-dia de todo cidadão.
Mas, fora essas e outras funções relacionadas ao marketing, à economia, um jogo de Copa tem, ainda, a força de reunir famílias, amigos, casais (casados, namorados ou apenas paqueras) empregados com patrões, vizinhos que passam dias sem trocar uma palavra. Durante um jogo de Copa do Mundo ou após ele, muitos diálogos e encontros surgem, brotam naturalmente. O casal que havia brigado no dia anterior acabam assistindo, torcendo juntos, gritando GOL juntos. O casal apaixonado, que não brigou no dia anterior, se aproveita de um chute que pode ter ido na bandeirinha de escanteio para trocar um abraço e beijinhos. A raiva do marido contra o Dunga que não convocou o Neymar e o Ganso é acalmada pela esposa com um beijo carinhoso, com um passar de mãos na nuca, com uma palavra: "Calma amorzinho, você vai ter um infarto desse jeito".
E não podemos esquecer ainda a força que uma partida de copa do mundo exerce sobre as crianças. É o prazer de fazer bandeirinhas verde-amarelas, pedir uns trocados na vizinhança para comprar tintas, enfeitar as ruas, torcer muito pelo Brasil. Os olhos das crianças brilham, elas gritam, vibram. E, depois do jogo, saem às ruas (onde ainda isso é possível) e chutam bolas, jogam futebol e, cada uma, se transforma em um Ronaldinho, em um Kaká, em um Luiz Fabiano, em um Robinho. Os dois goleiros querem ser o Julio César, tentam imitar suas defesas.
Essa é a força de um jogo de Copa do Mundo. Seus protagonistas devem sempre ter tudo isso presente, no momento de dividir uma jogada, uma corrida aos 45 minutos do segundo tempo, ao tentar impedir que o adversário chegue perto do seu gol. Acima de todos os contratos, prêmios, valorizações, está o sonho de um povo, está o desejo de se sentir também um verdadeiro campeão do mundo, seja um adulto, com suas análises táticas, ou uma criança, com seu sonho inocente.

Por Geraldo de Oliveira

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